No Brasil o trânsito mata, todos os anos, um número de pessoas superior a muitos conflitos bélicos e genocídios no mundo. Todos os especialistas em trânsito estão convencidos de que a saída para essa tragédia é a educação. A educação no trânsito está completamente atrelada à chamada Direção Defensiva, e depende que os motoristas tenham uma conduta responsável nas vias. Quando você pensa em trânsito, qual imagem vem à sua cabeça? Uma fila enorme de carros? O sujeito ao lado gritando com o da frente? Ou uma rua até cheia, mas com menos estresse entre os motoristas? Seja qual for, é evidente que a última opção, embora talvez mais rara, é mais saudável para todos os envolvidos. Mas é isso o que significa ter educação no trânsito?
É ALGO SIMPLES COMO SER SIMPÁTICO COM O MOTORISTA AO LADO?
Nem tanto. O termo que usaremos com frequência nessa matéria está intimamente ligado com a educação no trânsito, e é chamado Direção Defensiva. Qualquer um que tenha posse de uma Carteira Nacional de Habilitação (ou da Permissão para Dirigir já ouviu falar da expressão antes. Ela é um dos principais tópicos abordados nas aulas teóricas das autoescolas, afinal. Direção defensiva não é o mesmo que ser simpático, nem agir como se o trânsito lotado não fosse estressante. Ela está muito mais relacionada a uma forma responsável de direção, em que o motorista tem mais consciência sobre as condições da via em que está; mais consciência sobre os riscos envolvidos no ato de dirigir; e mais consciência de que seus deslizes podem ser fatais.
Parece exagerado, mas não é. No Brasil, no ano de 2021, 5 pessoas morriam a cada 1 hora por acidentes de trânsito, segundo o Conselho Federal de Medicina (CFM). De 2010 a 2020, foram 1,6 milhão de feridos, o que custou algo próximo a 3 bilhões de reais ao Sistema Único de Saúde (o SUS). Os acidentes no trânsito no país não são raros, como fica claro por esses dados.
O QUE É DIREÇÃO DEFENSIVA?
Para começo de conversa, é bom definir o que é mesmo “trânsito”, antes de tudo. Pois bem. Trânsito, segundo o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), é a “utilização das vias por pessoas, veículos e animais, isolados ou em grupos, conduzidos ou não, para fins de circulação, parada, estacionamento e operação de carga ou descarga”. A palavra já foi apropriada pelos brasileiros e hoje muitos pensam que trânsito é aquela situação estressante descrita lá no início do texto – com os automóveis buzinando e os motoristas irritadiços. Essa associação talvez seja fruto das cidades grandes, que enfrentam maiores problemas de engarrafamento do que as cidades pequenas. O fato é que, realmente, estar em situações assim pode gerar estresse e respostas inflamadas de um condutor para o outro.
Na Direção Defensiva, no entanto, os motoristas idealmente tentariam ter uma postura mais pacífica. O “condutor defensivo” adotaria um procedimento preventivo, com cautela e civilidade. Isso porque ele não dirige apenas para ele e sim para os outros. Ele pensa na segurança de todos aqueles que estão a sua volta, e em como pode fazer para prevenir acidentes. Estresse gera mais estresse, e estar de cabeça quente pode tornar os movimentos do motorista menos precisos. Por isso, o condutor defensivo pensará muitas vezes antes de discutir alto com outra pessoa, sabendo que inflamar os sentimentos dela pode acabar gerando um perigo para o trânsito.
E essa próxima pessoa que se estressou pode gerar estresse para uma outra ainda, ocasionando um efeito em cadeia. Assim, essa consciência de coletividade não depende tanto das condições presentes. Não depende se as vias estão lotadas ou se os outros estão gritando, e sim de uma conduta pessoal do motorista – enfrentando as condições adversas presentes.
E O QUE SÃO CONDIÇÕES ADVERSAS?
Talvez a definição seja um pouco intuitiva. Condições adversas são vários elementos que, quando presentes, podem atrapalhar a condução de um veículo. O que mais foi discutido até agora no texto foram as condições adversas relacionadas ao condutor do automóvel (principalmente as que envolvem sua mente). Mas elas na verdade são várias e estão relacionadas a âmbitos distintos. A luz, o tempo, as vias, o trânsito, o veículo e o condutor estão entre essas possibilidades.
A Luz pode ser uma condição adversa, porque há muitas situações em que um condutor dirige seu automóvel com excesso ou falta de iluminação. Isso é muito frequente nas estradas: a ausência de prédios e construções faz com que não haja sombra e o sol forte incomode os olhos do motorista. Esse excesso pode gerar ofuscamentos, assim como a falta de iluminação adequada pode tornar difícil para o motorista identificar obstáculos na via. Para lidar com isso, o condutor defensivo deve sempre verificar se suas lanternas estão funcionando bem, e se as palas de proteção aquilo que se usa para criar sombra no rosto) estão em bom estado.
Por CMF.
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