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domingo, 20 de julho de 2025

ALERTA:

A CADA DOIS MINUTOS, UMA VÍTIMA DE SINISTRO DE TRÂNSITO É ATENDIDA NO SUS:

Internações por acidentes de trânsito seguem crescendo no Brasil, sobrecarregam o sistema de saúde e escancaram a urgência de políticas preventivas. Os sinistros de trânsito seguem como uma das principais causas de atendimentos de emergência e internações hospitalares no Sistema Único de Saúde (SUS). Em média, uma pessoa é atendida por sinistro de trânsito a cada dois minutos nas emergências do país. O impacto é direto na vida das vítimas, na saúde pública e nas contas do Estado.


Levantamento das Associações Brasileiras de Medicina do Tráfego (ABRAMET) e de Medicina de Emergência (ABRAMEDE), com base em dados oficiais do Ministério da Saúde, aponta que, em um único ano, foram contabilizadas mais de 227 mil internações hospitalares por sinistros terrestres. E, nos últimos dez anos, esse número ultrapassa 1,8 milhão de internações, com um custo hospitalar direto estimado em R$ 3,8 bilhões.


Epidemia silenciosa:

De acordo com o presidente da ABRAMET, Antônio Meira Júnior, o trânsito brasileiro representa uma “epidemia silenciosa”, que ocupa milhares de leitos por ano com vítimas de situações que poderiam ser evitadas. “As emergências estão lotadas de vítimas de circunstâncias evitáveis, com um custo humano, social e econômico altíssimo.”


A presidente da ABRAMEDE, Camila Lunardi, reforça que esse é um problema que exige mobilização de toda a sociedade. “Atuamos diariamente nas emergências e vemos o peso dessa tragédia nos hospitais. Isso exige resposta do Estado, da sociedade e de todos os atores do sistema de mobilidade”, alerta.


A pressão sobre o sistema público de saúde é enorme: os sinistros de trânsito ocupam leitos de UTI, prolongam internações e demandam reabilitação e múltiplos procedimentos. Também geram impacto sobre o sistema previdenciário e de assistência social.


“O que vemos é uma distorção grave: bilhões sendo consumidos para tratar consequências de tragédias evitáveis, recursos que poderiam estar sendo aplicados em outras melhorias no sistema de saúde.”


O que os números revelam:

O custo das internações por sinistros de trânsito no Brasil - R$ 3,8 bilhões em uma década - poderia, por exemplo, ser revertido em:

* Construção de 32 a 64 hospitais de médio porte;

* Implantação de 35 mil quilômetros de ciclovias urbanas;

* Duplicação de cerca de 505 km de rodovias federais;

* Aquisição de mais de 15 mil ambulâncias;

* Criação de quase 13 mil leitos de UTI.


A maior parte das vítimas está ligada a sinistros com motocicletas, que representam mais de 60% das internações. Em um ano analisado, foram 150 mil hospitalizações de motociclistas, mais do que o número total de pedestres e ciclistas somados. Pedestres respondem por 16% das vítimas, seguidos de ciclistas e ocupantes de automóveis, ambos com 7%.


Perfil das vítimas:

O levantamento aponta um padrão claro de vitimização:

* 78% das internações envolvem homens;

* 49% das vítimas estão entre 20 e 39 anos - justamente a população economicamente ativa;

* Jovens entre 20 e 29 anos representam o grupo mais afetado, com cerca de 28% das internações;

* 15% das vítimas têm menos de 20 anos, muitas vezes por negligência com dispositivos de retenção infantil ou comportamentos inadequados;

* Idosos, embora representem 9% dos casos, estão entre os mais vulneráveis a lesões graves e complicações no pós-trauma.


Esses dados reforçam que o trânsito brasileiro expõe crianças, jovens, adultos e idosos a riscos significativos, e que a prevenção deve ser permanente e direcionada a todos os grupos.


Crescimento contínuo e preocupante:

Em uma década, o número de internações por sinistros de trânsito cresceu 44%, passando de cerca de 157 mil para mais de 227 mil por ano. Todas as regiões do país apresentaram aumento, com destaque para os estados com maior frota circulante.


Distribuição regional das internações:

* Sudeste: mais de 747 mil internações em 10 anos; São Paulo lidera com 387 mil, seguido por Minas Gerais e Rio de Janeiro.

* Nordeste: 514 mil internações; Bahia, Ceará e Piauí têm os maiores números.

* Sul: 208 mil internações, com destaque para o Paraná e Santa Catarina.

* Centro-Oeste: também com 208 mil internações, quase dobrando no período;

Goiás e Mato Grosso lideram.

* Norte: 157 mil internações, com o Pará concentrando quase metade dos casos.


Em algumas regiões, como o Centro-Oeste e a Paraíba no Nordeste, os números praticamente dobraram ao longo da década. No Amapá, houve um salto expressivo no número de hospitalizações em um único ano, quase triplicando em relação à média dos anos anteriores.


Urgência por soluções:

Os dados reforçam que os sinistros de trânsito não são apenas uma questão de mobilidade, mas também de saúde pública.


A combinação de imprudência, baixa fiscalização, ausência de infraestrutura segura e falta de educação para o trânsito contribui para manter o Brasil entre os países com os piores indicadores de mortalidade e morbidade no trânsito.


Com base no levantamento do impacto do trânsito no SUS, especialistas apontam que a redução dessas estatísticas passa por medidas como:

* Fortalecimento da fiscalização e punição efetiva;

* Educação para o trânsito contínua e baseada em evidências;

* Melhoria da infraestrutura urbana e rodoviária;

* Promoção de transportes mais seguros e sustentáveis;

* Valorização da saúde preventiva e do atendimento qualificado às vítimas.


O alerta está dado: a cada dois minutos, uma nova vítima de trânsito recorre ao SUS, e a maioria desses casos poderia ter sido evitada.


Levantamento das Associações Brasileiras de Medicina do Tráfego (ABRAMET) e de Medicina de Emergência (ABRAMEDE) e Portal do Trânsito

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