REPRESENTANTE ESPECIAL DA ONU VISITA BRASIL PARA PROMOVER CAMPANHA GLOBAL POR MAIS SEGURANÇA NO TRÂNSITO:
Iniciativa das Nações Unidas destaca urgência de medidas para salvar vidas nas vias e promover mobilidade segura em toda a América Latina. O Brasil está entre os protagonistas de uma nova mobilização global em favor da segurança viária. Nesta semana, o enviado especial do secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU) para a Segurança no Trânsito, Jean Todt, desembarca no país para impulsionar a campanha mundial #MakeASafetyStatement - traduzida como “Faça da Segurança uma Marca”.
A ação é parte de uma missão oficial pela América Latina, com eventos programados também no México, Guatemala, Panamá e Colômbia. O objetivo é claro: chamar atenção para o alto número de mortes no trânsito e incentivar ações efetivas que garantam mais segurança nas ruas e estradas do continente.
Um problema que ultrapassa fronteiras:
De acordo com dados da ONU, cerca de 1,19 milhão de pessoas morrem anualmente em sinistros de trânsito em todo o mundo. Esse número impressionante equivale, por exemplo, à população total de uma cidade como Campinas (SP). Só nas Américas, foram mais de 145 mil vidas perdidas em 2021, representando 12% das mortes globais no trânsito naquele ano.
A situação é particularmente grave na América Latina, onde a taxa média de mortalidade no trânsito é de 15,7 por 100 mil habitantes. Os mais vulneráveis são os pedestres, ciclistas e motociclistas - que juntos correspondem a 61% das vítimas fatais nas vias da região.
Campanha foca em ações concretas e urgentes:
Durante sua visita, Jean Todt se reunirá com representantes de governos, setor privado, organismos internacionais e sociedade civil. A mensagem central da campanha é a urgência de implementar políticas públicas eficazes e sustentáveis de segurança no trânsito.
Além da perda irreparável de vidas, os sinistros de trânsito impõem um custo econômico altíssimo: segundo estimativas da ONU, eles representam cerca de 5% do Produto Interno Bruto (PIB) global. No contexto das Américas, esse impacto varia entre 3% e 6% do PIB, conforme dados do Banco Mundial.
Desafios e oportunidades no Brasil:
No Brasil, iniciativas como o Plano Nacional de Redução de Mortes e Lesões no Trânsito (PNATRANS) e diversas leis de trânsito buscam reverter o cenário preocupante.
Entre as medidas já previstas estão:
* Obrigatoriedade do uso de capacete para motociclistas;
* Sistemas de retenção adequados para crianças;
* Limitação da velocidade em vias urbanas e rodovias;
* Combate à direção sob influência de álcool e drogas;
* Proibição do uso do celular ao volante.
No entanto, ainda há lacunas importantes, especialmente quanto à fiscalização da velocidade e ao uso do cinto de segurança no banco traseiro, que continuam sendo negligenciados por muitos condutores e passageiros. Um relatório da Bloomberg Philanthropies revelou que mais de 25 mil vidas poderiam ser salvas e cerca de 170 mil ferimentos graves evitados até 2030 se as normas de trânsito fossem efetivamente aplicadas em países-chave da região - incluindo o Brasil.
Replanejar a mobilidade é essencial:
De acordo com a ONU, repensar a mobilidade urbana é um passo indispensável para o desenvolvimento sustentável nas cidades latino-americanas, uma das regiões mais urbanizadas do mundo.
Entre as soluções apontadas estão:
* Reforço na fiscalização e aplicação das leis de trânsito;
* Educação para o trânsito, desde a infância;
* Melhoria na infraestrutura viária, incluindo sinalização, iluminação e pavimentação;
* Investimento em transporte público de qualidade;
* Ampliação de ciclovias e calçadas acessíveis, especialmente ao redor de escolas;
* Aprimoramento no atendimento pós-acidente, com socorro rápido e eficiente.
Compromisso político e social da ONU com a segurança no trânsito:
A mobilização promovida por Jean Todt enfatiza que nenhuma política de segurança viária será eficaz sem o engajamento das lideranças políticas e a alocação adequada de recursos. É preciso transformar o discurso em ação, com metas claras, financiamento robusto e participação ativa da sociedade.
Com essa campanha, a ONU busca fortalecer o compromisso global com a Década de Ação pela Segurança no Trânsito (2021-2030), cuja meta é reduzir pela metade o número de mortes e lesões no trânsito até o fim da década. O Brasil, ao receber o enviado especial da ONU, tem a chance de renovar seu protagonismo nesse tema urgente e de interesse coletivo. A segurança viária não pode mais esperar.
Portal do Trânsito